Projeto desenvolvido no IFTO transforma cigarros apreendidos em insumos agrícolas

Ação é resultado de uma parceria com a Delegacia da Receita Federal do Tocantins

Publicado em: 20/06/2024 14:25:00

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Fotos: Divulgação/Dicom-IFTO


De acordo com o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), o cigarro é o produto mais apreendido pela Receita Federal, no Brasil. Dados do Fisco (autoridade fazendária responsável por controlar e fiscalizar as atividades do seu negócio em relação à legislação tributária) apontam que, diariamente, cerca de 600 mil maços de cigarros ilegais são destruídos, somente no posto alfandegário da fronteira de Foz do Iguaçu, ou seja, a Receita Federal destina os cigarros contrabandeados à destruição ou inutilização. 


Diante desse panorama, um projeto realizado na unidade de Dianópolis do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), pode trazer uma inovação, ao transformar cigarros apreendidos em insumos agrícolas, sem causar impactos ambientais. A iniciativa tem sido desenvolvida em parceria com a Delegacia da Receita Federal do Tocantins.


Em outubro de 2023, foi realizada pela Delegacia da Receita Federal a primeira transferência dos cigarros apreendidos para o IFTO de Dianópolis. Inicialmente, os cigarros foram triturados e separado o tabaco dos demais materiais como papéis e filtros. A partir da separação, foi produzido um composto orgânico com material vegetal misto (30% de tabaco e 70% de restos vegetais) e esterco bovino, sendo dispostos em camadas alternadas umedecidas. Ao longo do período de decomposição desses materiais, também foi gerado o chorume. Adaptando o modo tradicional de compostagem, a produção do composto orgânico e do chorume é de baixo custo e baixo impacto ambiental, com potencial de grande retorno econômico.


O professor Ezequiel Lopes do Carmo, que é um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto, explica que produtos como composto orgânico e chorume podem ser gerados, beneficiando o cultivo de plantas ornamentais e florestais, áreas ainda não exploradas comercialmente com esses insumos. “Isso reduzirá os custos de produção, melhorará a qualidade do solo, aumentará a reutilização de cigarros apreendidos e promoverá a sustentabilidade. Portanto, transformar os cigarros contrabandeados em produtos sustentáveis é a nossa meta! Afinal, esses produtos, principalmente este composto orgânico, terão possibilidades de serem escaláveis industrialmente e vendidos a um preço pelo menos duas vezes menor que os compostos orgânicos tradicionais”, frisou Ezequiel. Vale destacar que na primeira etapa, o composto, bem como o chorume foram produzidos em escala piloto para testes e ajustes, visando um composto de qualidade e segurança. 


A próxima etapa consistirá em uma investigação dos efeitos da utilização do composto orgânico em plantas ornamentais a partir da utilização de diferentes composições de materiais. A primeira pilha de compostagem combinará 30% de tabaco e 70% de aparas de grama com esterco bovino, em camadas alternadas até 1,2 m de altura. A segunda “pilha” misturará 30% de aparas de grama com 70% de caixas, papéis triturados e filtros de cigarros, também com esterco bovino, seguindo a mesma estrutura. A terceira pilha servirá de controle, contendo apenas aparas de grama e esterco bovino. Após 90 dias, os compostos e o chorume serão analisados em laboratório e testados para produção de mudas das plantas ornamentais. A expectativa, do grupo de pesquisadores responsáveis pelo projeto, é que pelo menos um dos compostos e uma concentração de chorume apresentem efeitos positivos e econômicos na produção destas mudas. 


Etapas de produção




Equipe do projeto


A equipe é composta pelos professores Ezequiel Lopes do Carmo e Otacilio Silveira Junior, pelos estudantes Diogo Henrique da Silva e Yan da Rocha Cerqueira e pelo técnico administrativo Joabe Cardoso Nunes da Silva, todos da unidade de Dianópolis do IFTO.