*Por Joana Castro
Morreu Walfredo Antunes. Todos ficamos sabendo, pois sua morte, no último dia 14, foi noticiada pela maioria dos veículos de comunicação em Goiás e no Tocantins. O beabá do jornalismo esteve presente em todas as matérias relacionadas à sua morte: quem era, o que fez, do que morreu, onde morreu e onde foi sepultado.
A notícia de sua morte deixou a todos nós que o conhecíamos, tristes e consternados, mas passados quatro dias da sua morte eu tenho mais um motivo para me entristecer por ela. Confesso que aguardei, pesquisei, mas não encontrei mais nada referente à sua morte, a não ser as já citadas matérias. E a minha tristeza adicional é que cheguei à conclusão de que, junto com Walfredo, morreu parte da nossa tradição de valorizar e reconhecer todos aqueles que se dedicaram à consolidação do Estado do Tocantins e de Palmas, sua Capital tão elogiada e admirada. Em seu funeral em Goiânia, onde faleceu, nenhuma autoridade do Tocantins se fez presente, nem ao menos uma coroa de flores em sua homenagem foi enviada pelo governo e prefeitura da capital que ele tanto amou. Notas de pesar abarrotaram as caixas de e-mail das redações e luto oficial foram decretados pelo estado e pelo município. Mas Walfredo merecia muito mais que isso!
Podemos dizer que Walfredo Antunes foi o primeiro pioneiro de Palmas, pois, antes mesmo da cidade ser construída, ela já existia na sua mente e na mente de Luís Fernando Cruvinel Teixeira. Se não fosse pela dedicação e vontade de Walfredo em fazer de Palmas uma cidade única, milimetricamente planejada para promover uma qualidade de vida especial aos seus moradores – dos mais abastados aos mais carentes, as opções de lazer já no projeto original, poderiam ser aproveitados por todos – poderíamos, hoje, estar vivendo em uma cidade comum, uma Capital planejada apenas para ser uma Capital.
Além disso, Walfredo se preocupou em semear um pouco do seu talento, ao ser professor de Arquitetura na Universidade Federal do Tocantins.
Pois foi esse o Walfredo Antunes que morreu. Um arquiteto que trabalhava com a caneta e com o coração, e que escolheu morar na cidade que ele próprio criou para ser a Capital do Estado do Tocantins. Cidade e Estado que perderam parte de sua tão cultuada tradicionalidade e cultura, ao se limitarem por decretar três dias de luto.
Mesmo com o desejo da família em sepultá-lo em Goiânia, seria justo convencer os familiares e arcar com os custos para, nem que seja um velório rápido em Palmas, para que a legião de amigos que fez aqui pudesse prestar as últimas homenagens ao primeiro palmense genuíno, na cidade que criou e amou. O justo seria a imprensa em geral se esforçar um pouco mais para aplicar às laudas escritas um pouco do sentimento que dominava Walfredo enquanto projetava Palmas.
E justo será, se Walfredo Antunes receber da Prefeitura de Palmas e do Governo do Estado, homenagens póstumas dignas do seu trabalho e amor por esta cidade.
Como diria Salomão: ‘É. Pois, é. É isso aí’.