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Darcy Ribeiro, artesão da utopia

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Henrique Matthiesen é formado em Direito e pós-graduado em Sociologia. Foto: Divulgação

*Por Henrique Matthiesen

Uma das tarefas mais intrincadas da análise e observância política é definir, conceituar ou adjetivar Darcy Ribeiro. Nada poderia ser mais complexo e sinuoso dada a sua multiplicidade facetaria, singular, inquieta e apaixonante.

Antropólogo, ministro, escritor, educador, vice-governador, secretário de estado, reitor de universidade e senador são apenas algumas das funções e cargos que exerceu. Entretanto, estes ofícios não o definem em sua acepção plena, nem o determinam em sua verdadeira dimensão histórica.

Darcy Ribeiro é uma figura rara e suas características peculiares o tornaram único: um ser transbordante que transcende o tempo, as gerações e os séculos. Deixou marcas permanentes, fortes e inapagáveis.

Movido a paixões e intensidade, Darcy Ribeiro era inteiro em tudo. Sua existência sempre se pautou pelo arrebatamento de suas bandeiras e pela cólera incontrolável de suas ideias e de sua forma de ver o mundo.

Infatigável, tentou alfabetizar as crianças, salvar os índios, criar uma universidade séria e desenvolver o Brasil, dentre outras batalhas que se dedicou até o último suspiro de sua vivência humana. Construiu sua trajetória e suas lutas com uma precisão irretocável e uma criatividade genuína. Fez de suas convicções matéria-prima para projetar e sonhar o novo, o belo e o desejável.

Darcy Ribeiro foi, mais do que ninguém, a síntese mais fiel do artesão da utopia que edificou, na medida exata, aquilo que o Brasil poderia e deveria ser. Sua visão de mundo baseava-se na igualdade e na generosidade, na construção de um novo gênero humano.

Por meio de seus estudos, reflexões e pesquisas, demonstrou os caminhos de nossa emancipação e as alamedas de nosso desenvolvimento. Como artesão da utopia moldou, com paciência e precisão, a escola da Nova Roma, o despertar de uma nova civilização.

A realização utópica de Darcy Ribeiro continua viva. Seu labor consistiu em tecer, cuidadosamente, as múltiplas faces da brasilidade na construção de nossa identidade, assim como em ornar, atenciosamente, nossas características mais densas, na carpintaria da criação de uma nova sociedade.

“Artesão da utopia” talvez seja a definição mais próxima e fiel para Darcy Ribeiro.

*Henrique Matthiesen é formado em Direito e pós-graduado em Sociologia

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