A Polícia Federal (PF) solicitou a abertura de um inquérito para investigar o possível envolvimento do senador Eduardo Gomes (PL-TO), atual 1º vice-presidente do Senado e ex-líder do governo Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, em um esquema de desvio de emendas parlamentares.
O pedido foi feito no âmbito da Operação Emendário, que já apresentou denúncias contra três deputados do Partido Liberal (PL).
O desdobramento ocorreu após a análise de mensagens extraídas de dispositivos apreendidos durante as diligências.
De acordo com o relatório da PF, um ex-assessor de Eduardo Gomes, Lizoel Bezerra, é visto cobrando o pagamento de R$ 1,3 milhão de Carlos Lopes, funcionário do deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA).
Lopes é apontado como operador de um suposto esquema de rateio de emendas entre parlamentares aliados.
Em mensagens datadas de fevereiro de 2022, Lizoel pressiona Lopes para que, ao menos, R$ 150 mil sejam pagos de forma imediata, a fim de cobrir despesas urgentes.
Em uma dessas mensagens, ele afirma: “Bom dia amigo. Me dá uma posição. Homem tá na agonia. Pagar contas e viajar”. Segundo a PF, o “homem agoniado” mencionado seria o próprio senador Eduardo Gomes.
O relatório da PF aponta que o atraso no pagamento gerava preocupações em Lizoel sobre a capacidade do senador de manter influência na distribuição de emendas.
Em uma das mensagens, ele expressa esse receio: “E a pior parte disso tudo é eu ficando queimado com o amigo e nesse próximo orçamento não vou ter nada. Isso é de fuder (sic)”.
As mensagens continuaram até março de 2022, pouco antes de a PF cumprir mandados de busca e apreensão na casa de Carlos Lopes. Apesar das evidências reunidas, a origem exata da dívida mencionada nas mensagens não foi identificada.
Com base nos indícios, a PF encaminhou um relatório à Procuradoria-Geral da República (PGR), recomendando a abertura de uma investigação aprofundada sobre possível envolvimento do senador no esquema.
“Em que pese ser um encontro fortuito de provas, que, salvo melhor juízo, deve ser investigado em outro procedimento, destaca-se neste momento porque corrobora a hipótese aventada de rateio de valores de emendas parlamentares”, conclui o documento da corporação.
A PGR aceitou a recomendação e determinou a extração do relatório da Operação Emendário para instaurar uma petição autônoma, com o objetivo de realizar diligências preliminares sobre o caso.
Senador nega envolvimento
A assessoria de Eduardo Gomes nega qualquer envolvimento em irregularidades. Em nota oficial, afirmou que, no período em que foi líder do governo no Congresso e relator parcial do orçamento, destinou recursos a diversos estados, incluindo o Maranhão.
A única emenda individual de Gomes fora do estado do Tocantins, segundo a nota, foi destinada ao Rio Grande do Sul, em razão de enchentes, no valor de R$ 1 milhão. Sobre o ex-assessor Lizoel Bezerra, a assessoria informou que ele atuou apenas como motorista em campanhas políticas do senador e não possui qualquer vínculo com o gabinete no Senado. (Com informações do Metrópolis)