Início Geral A operação Fames-19 e a “bola nas costas” da Polícia Federal

A operação Fames-19 e a “bola nas costas” da Polícia Federal

No jargão do futebol “bola nas costas” é um lance em que um defensor falha no posicionamento e abre espaço para uma jogada de ataque do time adversário

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´Foto: Reprodução/PF

No jargão do futebol “bola nas costas” é um lance em que um defensor falha no posicionamento e abre espaço para uma jogada de ataque do time adversário justamente no local onde ele deveria estar. Geralmente essa falha acontece quando o defensor vai ao ataque ou quando está desatento.

Pois a Polícia Federal, quem diria, acabou levando uma “bola nas costas” nas investigações da operação Fames-19, cuja manchete mais simpática ao governo do Estado, na época, dizia: “PF mira governador do Tocantins em nova operação”.

Ainda sem provas concretas sobre os desvios de recursos das emendas impositivas dos deputados estaduais na época da pandemia de Covid-19, a Polícia Federal desdobrou a operação para tentar identificar atos paralelos ou indiretos que ajudassem a chegar nas provas necessárias para os indiciamentos.

Um desses desdobramentos foi a operação Sisamnes, que teve mais uma de suas fases deflagrada no dia 18 de março, e tinha como alvo um suposto esquema de venda e vazamento de decisões com o objetivo de atrapalhar investigações autorizadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Foram cumpridos um mandado de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão contra alvos no Tocantins, além da prisão do jornalista Goianyr Barbosa, que jogou uma mochila com 20 mil reais da sacada de sua casa, no momento em que a Polícia Federal invadia a residência. As diligências foram autorizadas pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O mandado de prisão preventiva foi contra o advogado e assessor jurídico do Ministério Público do Tocantins, Thiago Barbosa, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa e filho de Goianyr Barbosa.

Após a prisão de Thiago, foram divulgadas mensagens em que ele afirma ter conseguido informações sobre o inquérito das cestas básicas e repassado para o governador Wanderlei Barbosa.

Governador não teve acesso a informações antecipadas

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o ministro do STJ Mauro Campbell, foi enfático ao afirmar que não houve possibilidade de Wanderlei Barbosa ter recebido informações antecipadas sobre a operação Fames-19 da Polícia Federal. Segundo ele, em junho de 2024, o acesso ao inquérito 1.650 já havia sido concedido à defesa de Wanderlei Barbosa havia mais de um mês — e que, nele, não havia informações sobre as diligências que deram origem à Operação Fames-19. “A operação foi autorizada pelo STJ em processo diverso. […] A defesa [do governador] em momento algum obteve prévio acesso, tomando conhecimento das diligências apenas na data do efetivo cumprimento da operação, ocorrido em 21 de agosto”, afirma.

Ante as afirmações do relator, ministro Mauro Campbell, dois fatos ficam notórios. O primeiro é que a defesa do governador Wanderlei Barbosa usou o argumento correto, à época, pois as palavras de Campbell à Folha de São Paulo confirmam a tese.  O segundo, como foi aventado por veículos tradicionais de comunicação, inclusive por O Jornal, Thiago Barbosa pagou caro pela inexperiência e pelos arroubos juvenis, de contar vantagens para impressionar ou para tentar ficar em evidência.

Goianyr Barbosa

Nessa história toda, o maior prejudicado acabou sendo o jornalista Goianyr Barbosa, que não tendo nada a ver com o caso, a não ser o fato de ser pai de Thiago e morarem na mesma casa, ficou sem os seus 20 mil reais e com o trauma de ter o sono interrompido pela entrada abrupta dos “homens de preto” da Polícia Federal em sua residência.

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