*Por Henrique Matthiesen
É um fato inconteste: caso o golpe de Estado tentado por Bolsonaro e seus comparsas tivesse tido êxito, muitos brasileiros estariam presos, mortos, desaparecidos, exilados — assim como muitos outros estariam sendo torturados nas masmorras de uma ditadura bolsonarista.
Sim! Ditaduras matam, torturam e fazem desaparecer cidadãos. Convém advertir que a grande referência de Jair Bolsonaro e de seus admiradores é o nefasto Carlos Brilhante Ustra, notório torturador da ditadura militar brasileira.
A democracia brasileira foi salva pela sociedade civil organizada, pela firmeza do Poder Judiciário e por militares legalistas que não embarcaram na horda golpista de Bolsonaro. Soma-se a isso uma conjuntura internacional desfavorável a rupturas democráticas, bem como sua derrota eleitoral — fator determinante para o fracasso da tentativa golpista.
Enfim, muitas digitais — civis e militares — impediram o golpe.
Há de se pontuar, ainda, que Jair Bolsonaro jamais demonstrou apreço pela competência ou pela inteligência. Sua biografia revela um homem tosco, de limitado poder cognitivo, embora sagaz para determinadas espertezas.
Evidentemente, a tentativa de golpe é um crime e deve ser processada, julgada e condenada, dada a gravidade do ato — tudo isso dentro do devido processo legal que uma democracia assegura, e que jamais seria permitido por um regime de exceção. Neste contexto, à medida que as investigações e os indiciamentos avançam, Jair Bolsonaro e sua trupe demonstram, mais uma vez, a hipocrisia e a covardia típicas de patifes.
Ora, onde está o “machão” falastrão, admirador de torturadores? Onde estão os vitupérios de um moleque bravateiro e arrogante?Agora vem pedir anistia? Neste caso, isto equivale a uma confissão de crime.
Vem alegar que senhoras e senhores — supostamente cândidos — que vandalizaram as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023 estão sendo perseguidos com penas excessivamente severas?
Esta bandeira indecorosa da anistia, que se tenta aprovar, hoje, é a continuidade do golpe fracassado que Bolsonaro tentou. Trata-se de uma tentativa de desmoralizar o Poder Judiciário, o devido processo legal e a própria democracia. É um ato de covardes.
O que Bolsonaro e sua trupe precisam é de um processo justo, com a observância de todos os preceitos legais que uma democracia garante. E, diante da abundância de provas já apresentadas, o que lhes cabe é cadeia — e por muito tempo.
Mas ele pode ficar tranquilo: não será, em hipótese alguma, torturado; não levará choques, não será espancado, não terá nenhum de seus direitos humanos violado. Jamais será importunado pela sombra de Carlos Brilhante Ustra como agente de um Estado ditatorial.
Está chegando a hora de Jair ir para a cadeia.
E é preciso estar atento: o golpe ainda não foi definitivamente derrotado.
Anistia, hoje, é a bandeira dos covardes.
*Henrique Matthiesen é formado em Direito e pós-graduado em Sociologia