- Publicidade -
spot_img
InícioCidadesGravações do filme “Um Certo João Silvino”, de Hélio Brito, se iniciam...

Gravações do filme “Um Certo João Silvino”, de Hélio Brito, se iniciam em Natividade e revela episódio sombrio da Ditadura Militar no interior do Brasil

O filme é um produto do Edital Lei Paulo Gustavo do Tocantins (Secult), através de projeto apresentado pela empresa Bem-Te-Vídeo Marketing

Começaram oficialmente as gravações do longa-metragem “Um Certo João Silvino”, novo projeto do cineasta Hélio Brito, que propõe uma instigante fusão entre documentário e ficção para reconstituir uma história real e ainda pouco conhecida da repressão política no Brasil. O filme, que se passa na histórica cidade de Natividade, no Sudeste do Tocantins, revive um episódio ocorrido no final de 1971, durante os anos mais duros da Ditadura Militar, e que só veio à tona duas décadas depois. 

Com roteiro e direção assinados por Hélio Brito, o longa é um docudrama — gênero cinematográfico que mescla técnicas narrativas do cinema de ficção com o rigor investigativo do documentário. A proposta é resgatar memórias e humanizar os efeitos da repressão estatal, ao mesmo tempo em que reconstrói com liberdade poética os acontecimentos que marcaram a cidade de Natividade no apagar das luzes de 1971. A parte documental do filme conta com imagens de arquivo e cenas novas gravadas em Goiânia, São Paulo e outras cidades do interior desse estado, além de Palmas. 

A trama gira em torno da misteriosa chegada de um jovem desconhecido à pacata cidade, que se apresenta como João Silvino Lopes: um rapaz bonito, educado e de fala refinada, que logo desperta a atenção das moças e o estranhamento dos moradores locais. Pouco depois, ele é preso pelas autoridades, e dois dias depois é encontrado morto, enforcado em sua cela, e enterrado como indigente. Somente em 1992 a verdade veio à tona: o prisioneiro era, na verdade, Ruy Carlos Vieira Berbert, um estudante paulista da USP (Universidade de São Paulo) envolvido na luta contra o regime militar, perseguido por sua militância política. 

Segundo o diretor Hélio Brito, o filme é um esforço coletivo para romper o silêncio em torno de histórias abafadas pela repressão. “Há uma camada profunda de dor que atravessa a história do Brasil, sobretudo no interior, onde os ecos da ditadura foram abafados pelo tempo e pelo medo. “Um Certo João Silvino” é também um gesto de reparação simbólica, de dar nome e rosto a quem foi apagado”, afirma. 

A produtora executiva Sandra Alves destaca o desafio e a responsabilidade de conduzir uma produção que envolve memória histórica, política e afetiva: “Estamos falando de uma história real, de um jovem com sonhos interrompidos, e de uma cidade que ainda guarda lembranças desse tempo. Trabalhar com essa delicadeza exige sensibilidade, ética e muito respeito”. 

O longa conta com a parceria da Círculo Filmes, que fortalece a estrutura de produção cinematográfica. A direção de fotografia é de Ricardo Nogueli, e a direção de arte é assinada por Érika Mariano, que destaca o desafio de recriar visualmente o período retratado. “Nossa missão é transportar o espectador para o início dos anos 1970 de forma autêntica e sensível. Cada elemento de cena — do figurino ao cenário — carrega uma narrativa própria, e foi pensado para dialogar com a atmosfera de mistério, tensão, fascínio e tragédia que a história exige”, explica Érika. 

Elenco

O filme também conta com um rigoroso trabalho de preparação de elenco, conduzido pela atriz Cleuda Milhomem, e que teve a participação também do famoso Preparador de Elenco internacional Eduardo Milewicz, famoso por preparar atores da Globo. “Nosso maior cuidado é fazer com que os atores entrem em cena com verdade, entendendo o peso simbólico do que representam, por meio de um mergulho físico, emocional e político do elenco”, comenta a preparadora. 

Felipe Trindade, ator que interpreta o protagonista, relata o impacto pessoal de dar vida a uma história tão intensa. “É impossível sair ileso de um papel como esse. João Silvino — ou Ruy Berbert — representa toda uma geração que foi silenciada. Dar voz a ele, ainda que tardiamente, é uma forma de dizer que essa história importa, que ela precisa ser lembrada”, declara. 

Memória

Com uma abordagem sensível e potente, o filme pretende não apenas jogar luz sobre mais uma vítima do autoritarismo, mas também dar voz às memórias silenciadas pelo tempo, revelando como a repressão atravessou fronteiras e chegou até as regiões mais isoladas do país. 

As gravações estão em curso no próprio município de Natividade (TO), iniciadas na segunda-feira, 5, valorizando o cenário original da história e promovendo a participação da comunidade local, na equipe de produção e também na figuração. Com estreia prevista ainda para 2025, “Um Certo João Silvino” promete emocionar e provocar reflexões sobre memória, identidade e resistência.

Sinopse

Filme de longa-metragem, misto de documentário e ficção, sendo uma reconstituição livre de história real ocorrida na histórica e isolada cidade de Natividade/TO, na virada do ano de 1971 para 1972. “Um Certo João Silvino” aborda o impacto da chegada repentina de um jovem viajante à pacata Natividade, nos últimos dias do ano de 1971, e também o alvoroço que isso causou na cidade.

Projeto

Uma iniciativa da produtora “Bem-Te-Vídeo Marketing”, o filme é um produto de edital da Lei Paulo Gustavo do Tocantins, através da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e Ministério da Cultura (MinC). 

Equipe Técnica

Direção e Roteiro: Hélio Brito

Assistência de Direção: Letícia Bonatto

Direção de Fotografia: Ricardo Nogueira

Som Direto: Diogo Goltara

Direção de Arte: Érika Mariano

Direção de Produção: Raquel Etges

Produção Executiva: Sandra Alves

Produção Local (Natividade): Simone Camelo

Preparação de Elenco: Cleuda Milhomem

Produção de elenco e Assessoria de Imprensa: Cinthia Abreu

Elenco Principal: Felipe Trindade e Aline Milani

Elenco secundário: Cinthia Abreu, Charlene Brito, Dora Maria, Dos Santos, Haru Barbosa, Laís Paz, Larissa Benigno, Leidiane Martins, Leonardo Araújo, Letícia Donato, Mercês Campelo, Nandyala, Renato Augusto Fontanelli, Vitória Feitosa e Wesley Rocha. 

- Publicidade -spot_img
Não perca
Notícias relacionadas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui