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Governo do Estado reúne educadores dos 139 municípios em encontro presencial de Educação Antirracista do Tocantins 

Com foco no fortalecimento da política antirracista no Tocantins, programação conta com palestrantes nacionais como a escritora Djamila Ribeiro e o pesquisador Natanael dos Santos

Mais de 700 educadores das 13 Superintendências Regionais de Educação (SREs) estão reunidos em Palmas, nesta segunda-feira, 14, no Encontro Formativo de Educação Antirracista do Tocantins, no Centro de Convenções Arnaud Rodrigues. Promovido pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), o evento, que acontece até 15 de abril, tem como objetivo fortalecer práticas pedagógicas antirracistas nas escolas tocantinenses

A iniciativa faz parte do projeto Poder Afro de Combate ao Racismo nas Escolas Estaduais e o Programa de Fortalecimento da Educação Indígena (PROFE Indígena), e integra a Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (Pneerq).

Na abertura da formação, o secretário de Estado da Educação, Fábio Vaz, elencou as ações do Governo do Estado de fortalecimento da educação antirracista e de valorização dos servidores. “Esse encontro oportuniza formação presencial para professores de história das nossas escolas estaduais, para os secretários municipais de educação e lideranças. Temos um governador negro, filho de professora, que reconhece a importância dessa política que ressignifica e dá voz aos que foram invisíveis por muito tempo. Estamos iniciando uma mudança significativa, que me enche de orgulho, e que não se faz apenas de intenções, mas sim nas escolas, com práticas consistentes que vão transformar a vida dos nossos estudantes”.

O titular da Seduc destacou ainda a produção e distribuição do material didático do Poder Afro para todas as escolas estaduais e dos livros específicos para as escolas indígenas contemplando as especificidades de cada povo. A atual gestão criou na Seduc uma diretoria específica para a educação indígena e quilombola. 

“Sabemos das dificuldades que todos enfrentamos diariamente, estamos caminhando e ainda precisamos avançar muito. Estamos investindo nos nossos profissionais, valorizando o professor, com formação presencial, com o concurso da educação, que teve vagas específicas para as escolas indígenas. A educação pública só terá resultado efetivo se o professor encontrar sentido na proposta, pertencente a uma rede que trabalha unida na educação de território”, destacou Fábio Vaz.

Olhar docente

Para a professora Dângela Rodrigues, da regional de Gurupi, a formação inaugura um novo tempo em sua jornada profissional. “A educação é uma ferramenta poderosa para transformar a sociedade, e essa oportunidade de estudarmos, discutirmos, nos apropriarmos dessa temática, fará muita diferença na minha prática docente. Sou professora no Estado há 15 anos e essa é a primeira vez que estou participando da formação presencial. Estamos ávidos por esse tipo de informação, de orientação, que renderá frutos não só para a escola, mas para a sociedade e as gerações futuras. Não basta não ser racista, precisamos difundir a educação antirracista, que nos dá esperança de um mundo muito melhor”, ressaltou.

Dentre os participantes, o professor Danel Pereira, de Araguaína, relatou que já trabalha com o Poder Afro e acredita que a formação presencial contribuirá para a continuidade e fortalecimento das ações nas unidades de ensino. “Já utilizamos o material do Poder Afro, no ano passado, e esse novo encontro é muito satisfatório, muito rico e fortalece a nossa prática em sala de aula, agregando conhecimentos da cultura e da história negra e indígena do nosso país. Esse momento formativo instrumentaliza o professor para trabalhar o combate ao racismo nas escolas, mas principalmente formar essa consciência coletiva de antirracismo. Temos um longo percurso pela frente, um trabalho em longo prazo, e estamos confiantes que poderemos contribuir para formar cidadãos mais conscientes e sem preconceitos raciais”, salientou. 

Humberto de Campos, secretário Municipal de Educação de Sucupira e presidente da União Nacional dos Dirigentes de Educação Municipal (Undime-TO), falou em nome dos 139 gestores municipais presentes no evento. “Temos a felicidade de ter essa educação de território, os municípios integrados com o estado para o fortalecimento da educação de território. Juntos por uma educação transformadora. Toda a população tocantinense está sendo bem assistida por meio dessa parceria. Com o apoio do governo, estamos nos tornando referência na educação do Brasil”, frisou.

Natanael Santos

Contando a história do negro no Brasil e encantando o público, o doutor em história, Natanael Santos, foi o primeiro palestrante do evento. “Segundo o IBGE, 55% da população do Brasil é negra e nós não conhecemos as nossas raízes, a nossa história, e às vezes nos envergonhamos das nossas origens. Nas escolas, as crianças têm vergonha do cabelo, do nariz, isso dói, mas porque falta informação. A narina rebaixada, o lábio grosso, o cabelo, tudo isso é uma riqueza, e nós queremos que os nossos estudantes se apropriem, se orgulhem de serem negros e de sua origem negra”, ponderou.

Pesquisador no campo da historiografia africana desde 1983 e membro fundador do núcleo de pesquisas de estudos afro-brasileiros da Universidade de Campinas (Unicamp), Natanael e a banda Griô contextualizam a palestra com uma performance musical executada com instrumentos de origem africana, com destaque para diversos aspectos da história dos negros e dos indígenas no país. 

“Precisamos refletir sobre a contribuição do negro na sociedade brasileira, sem esquecer as negras lembranças, que trazem dor, mas também muita honra de tudo que trouxemos para o Brasil. Temos que levar para as nossas escolas as qualidades dos nossos heróis e heroínas negros e indígenas, para que nossos estudantes tenham orgulho das raízes. Precisamos contar a história contextualizada para que possamos dar visibilidade e reconhecimento à identidade afro-ameríndia para levar esse pertencimento aos estudantes, que levarão esse empoderamento para suas casas, transformando assim a nossa sociedade”, enfatizou Natanael. 

Programação 

A programação conta com mesas-redondas e palestras para discutir estratégias de combate ao racismo e promover a equidade racial nas escolas públicas.   Para orientar os educadores quanto à utilização do material pedagógico, será realizada a oficina: Letramento Racial e Articulação da implementação da coleção “Minha África Brasileira e Povos Indígenas”.

Na terça-feira,15, será lançado o Selo Escola Antirracista que visa valorizar as unidades de ensino que se destacarem pelas ações relacionadas à temática.

Também no dia 15, um dos momentos mais esperados é a palestra “Lugar de fala nas escolas: por que representatividade transforma realidades?”, com a filósofa e escritora Djamila Ribeiro, uma das principais vozes do movimento antirracista no Brasil. A palestra é exclusiva para os profissionais já inscritos.

Djamila Ribeiro é ativista, escritora e coordena a iniciativa Feminismos Plurais. É autora de “Lugar de fala” (2017), “Quem tem medo do Feminismo Negro?” (2018), “Pequeno manual antirracista” (2019) e “Cartas para minha avó” (2021), que já venderam mais de 1 milhão de exemplares. É professora universitária com passagens por diversas instituições, como pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pela New York University.

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