São 18h de uma semana qualquer. E enquanto muitos voltam para casa, sigo aqui no trabalho, rabiscando na agenda as demandas que não consegui resolver. E sim, olhando bem, tem muita coisa pendente. Então, anoto, anoto… e lembro de mais uma coisa esquecida.
Mas, na verdade, tudo parece estar atrasado. Estudos, treinos, tempo com a família, séries, podcasts, sono, relacionamentos… Eu mesma. E estou cansada.
Não é um cansaço da vida, mas dos 30 anos. Sim, eles pesam mais do que nos 20 e poucos… Mas ninguém nos avisa. A gente simplesmente vive, ignora, revive e, aos poucos, aceita certas respostas sem questionar. Apenas sem silêncio.
Aliás, os 30+ aprenderam a amar essa palavra: silêncio. Eu também. Nos dias caóticos e ruidosos, o silêncio me acalma, me envolve, me responde, me abraça.
Uma notificação no celular. Mais um crime nos sites de notícias. Sem feed, um amigo começou a namorar; outro, pelo visto, terminou. Uma amiga posta uma foto com o bebê no colo. Ops, um anúncio de remédio para dormir. É uma nova reunião marcada.
O mundo parece um caos, mas sei que não estou sozinha . Ontem um amigo me disse que não precisa de amor, só de descanso.
Temos sido intensos demais. Mas, diferente dos roqueiros dos anos 80, não podemos simplesmente jogar a guitarra no chão ao final do show. Nossas preocupações são outras: aluguel, gasolina, treino, consulta com nutricionista, colágeno, terapia.
Aliás, terapia. Não conheço um trintão que ainda não tenha descoberto essa mágica. E que bom! Nossa geração entendeu que não vale a pena guardar tudo para si. Não queremos ser o melhor que ninguém, apenas evoluir.
Não temos vergonha de chorar e, se for preciso, pedimos demissão numa tarde qualquer para começar em outro lugar dois dias depois. Não nos apegamos a amores que não fazem sentido e vamos embora sem olhar para trás por um único motivo: nós mesmos.
É tudo tão intenso que nem dá para contar os dias. A gente simplesmente vive, do nosso jeito. No meu caso, dias mais ou menos carregados de ansiedade, dieta e treino em dia. Pequenos passos que, quando olho para trás, percebi que me fez crescer. Sozinha e acompanhada. Com os pais, amigos, até com os inimigos.
Já dizia aquela música do momento: “Viver é diferente de estar vivo”. E que sorte a nosso poder recomeçar, reclamar, analisar os processos e dizer aos mais jovens que nos perguntam sobre os 30: “É mágico, é saudoso, é único. Não é fácil, mas sempre encontrar um jeito de comemorar. Você vai gostar da maturidade que ele traz. Só não pare. Nem desista no caminho”.