*Por Roberto Jorge Sahium
Ainda que os peixes permeiam quase todas prosas sobre mantimentos saudáveis e realmente os são. Bate-papos que entram o Salmão e Atum, como cabeceira desta sorte, felizmente, não estão sozinhos, tem muitos outros peixes populares correnteza acima e correnteza abaixo e neste aludido a sardinha é exemplo.
Em suma, a sardinha tem uma biografia abastada, couraçada de uma importância significativa como alimento, como um produto comercial e como um símbolo cultural, que, ao longo da história da humanidade, desempenhou papel vital na alimentação de comunidades rurais e costeiras de outrora, ou seja, tem enchido a barriga de ricos e menos favorecidos pela riqueza.
Estamos a falar das sardinhas enlatadas, muitas vezes subestimadas, porém ricas em cálcio, mais que do leite, mas também fontes excepcionais de proteína, ômega 3 (ácido graxo), vitamina D, vitamina B12 e fósforo.
O nome sardinha vem da ilha da Sardenha, na Itália, de onde saíram, nadaram milhares de quilômetros e disseminaram-se pelos mares do mundo. Lá na sua antiga morada, no Mar Mediterrâneo, já foi grande produtora desse peixe.
Aqui no Brasil a sardinha (Sardinelas brasiliensis) já foi sinônima de abundância no mar do Sul do País. Grandes cardumes de fácil captura, levaram ao desperdício, produto barato, tornaram os volumes naturais diminutos. Na correnteza desta marola a rede arrastou desemprego e repartição de renda, mas a frota pesqueira continua do mesmo tamanho.
Isso não significa que as sardinhas enlatadas vão sumir do mapa para sempre. Para sustentar economicamente a atividade pesqueira estão importando da África e da Venezuela. Quanto aos pescadores, estamos orientando para mudança de presa. As traineiras estão passando a pescar tainhas, corvinas, anchovas. Disse um grande pescador do sul brasileiro.
E da mesma forma: de novo, sem planejamento não tem peixe que aguente.
Na Universidade do Vale do Itajaí, que estuda o ciclo reprodutor das sardinhas tem sugestão. Interromper a pesca completamente, por pelo menos um ano.
Se parte considerável da sardinha some do mar, um importante elo do ecossistema marinho é quebrado, a cavala e as pescadas, são carnívoros e se alimentam de sardinhas que por sua vez se alimenta de fitoplâncton e zooplâncton. Segue-se o efeito dominó de quando se mexe grosseiramente na natureza sem compensação ambiental alguém desaparece.
O estudo do Vale do Itajaí pode ter acertado no algoritmo, genealogia e estilo, mas foi reprovado em geografia, tropeçou na rede-de-pesca, não completa o porão, pois na natureza, bem aqui no Corredor Centro Norte de Exportação, vulgarmente denominado de MATOPIBA, na bacia dos rios Araguaia-Tocantins, tem substitutas tão boas em comparação às sardinhas originais. E no mais, podem ser multiplicadas de forma sustentável pela piscicultura.
Pelas nossas águas nadam as sardinhas cientificamente batizada de Triportheus auritus, família numerosa e parenta bem próxima daquela outrora viera do Mar Mediterrâneo.
No linguajar popular a nossa sardinha tem vários apelidados: Taguara, Sardinha-de-água-doce, Sardinha-comprida, Sardinha do Araguaia, ou simplesmente Sardinha. Nem todo mundo tem.
A nossa Sardinha, aqui na banda do Estado do Tocantins prefere as águas mais quentinhas das praias dos rios Araguaia, Formoso, Javaé, Dueré, Loroti, Urubu e Pium.
A Triportheus auritus tem o corpo comprimido lateralmente, alongado, região peitoral expandida, cresce até de 30 cm, coloração cinza prateada, apresenta a cabeça relativa curta, boca pequena, escamas de fácil retirada, tamanho ideal para serem enlatadas ou acondicionadas em saquinhos plásticos transparentes, desova total na enchente e a atividade sexual começa com cerca de 14 cm, produzindo ate 60.000 óvulos. Aceita bem a inseminação artificial por meio da hipofização.
Triportheus auritus

Taí um peixe para a piscicultura colocá-lo na indústria. É gregário, movimenta-se em cardumes, come ração, tem crescimento rápido, tem alta conversão alimentar, produz um pescado de excelente aparência, grande potencial para ajudar a preservação da sardinha de mar, pronta para gerar sustentabilidade social, econômica e ambiental.
Várias receitas de sardinhas estão sendo preparadas para os próximos escritos.
Bora ver!
*Roberto Jorge Sahium é Engenheiro Agrônomo, extensionista raiz e Imortal da Academia de Letras da Extensão Rural Brasileira, e da Academia Tocantinense do Agronegócio, encontra-se projetista agroambiental autônomo.