A Universidade Federal do Tocantins (UFT) pode estar prestes a escrever um dos capítulos mais simbólicos de sua história. Caso eleita, a professora Maria Santana Ferreira dos Santos Milhomem se tornará a primeira mulher preta a assumir a reitoria da instituição. E não será apenas um cargo conquistado — será a concretização de uma trajetória que representa a força da esperança, o resultado da educação pública e o reconhecimento das vozes que, por muito tempo, foram silenciadas.
Santana é filha da zona rural de Dianópolis, onde começou a vida entre plantações e responsabilidades precoces. Ainda criança aprendeu a dividir o tempo entre cuidar dos irmãos, ajudar nos afazeres da roça e ensinar os colegas na escola da comunidade. A vida nunca foi fácil, mas sempre foi guiada por um propósito: vencer sem deixar ninguém para trás.
Seu percurso acadêmico e profissional é uma travessia de superação. Da dificuldade em pagar as mensalidades da graduação, ao mestrado com bolsa em pesquisa sobre a realidade das mulheres indígenas Xerente, até sua chegada à Universidade Federal do Tocantins como professora concursada. Hoje, ela atua como docente, gestora, articuladora de políticas públicas e protagonista de ações que aproximam a universidade da população mais vulnerável.
Se eleita, Maria Santana simbolizará muito mais do que uma conquista pessoal. Sua presença na reitoria será uma ruptura com a lógica histórica de exclusões institucionais. Será a resposta visível aos estudantes negros, quilombolas, indígenas, mães solos, filhos da periferia, jovens que ingressam na universidade com o sonho de mudar suas vidas e de suas famílias.
Em um estado onde mais de 80% dos estudantes da UFT vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica, ver uma mulher negra ocupar o cargo máximo da universidade pública será um gesto de transformação concreta. Uma mensagem viva de que vale a pena sonhar, estudar, resistir e acreditar. Santana será, para muitos, a confirmação de que a universidade não é apenas um lugar de chegada — é também um espaço de pertencimento.
A possibilidade de sua eleição projeta não apenas um novo ciclo de gestão participativa, humana e inclusiva, mas também uma universidade mais próxima das pessoas, mais conectada com o seu papel social e com os desafios do Tocantins.
Como ela mesma costuma dizer, “existe uma universidade para além da sala de aula” e, com Santana, essa universidade tem o rosto de quem acredita que a educação transforma vidas. Neste momento decisivo, a UFT tem diante de si a chance de reafirmar seu compromisso com a diversidade, a inclusão e a excelência. E, ao fazê-lo, pode inspirar todo o país, mostrando que o futuro começa quando damos voz e vez àqueles que, historicamente, tiveram que lutar muito mais para serem ouvidos”. (Da Assessoria)