*Por Henrique Matthiesen
Nada mais asqueroso, abjeto e repulsivo do que o exercício da hipocrisia. Fingir possuir qualidades, sentimentos ou valores com o objetivo de enganar, manipular ou tirar vantagem dos outros é uma das práticas mais degradantes do ser humano.
O hipócrita é, por essência, falso, dissimulado e indigno de confiança. Finge ser o que não é, adota posturas que reprovaria em outras circunstâncias e oculta sua verdadeira natureza sob a máscara de moralidade.
A própria origem do termo, vinda do grego, remete ao ator que representa um papel e revela seu traço fundamental: o hipócrita vive em constante encenação, simulando virtudes apenas para agradar, pertencer ou se beneficiar. Fingimento, demagogia e oportunismo compõem o enredo diário de quem representa um personagem para esconder sua verdadeira face.
É evidente que todos já tiveram o desprazer de conhecer ou pior, conviver com pessoas assim: desprezíveis, capazes de provocar náusea e repulsa.
Normalmente, este tipo ignóbil é corrupto e ambicioso, disposto a tudo para alcançar seus objetivos. Desprovido de honestidade e escrúpulos é perigoso e versado na arte do engano mais rasteiro.
Ávidos por bajular sem pudor — verdadeiros especialistas em “lécher le cul” — fazem da falsidade sua principal ferramenta para escalar posições, destruir reputações e mascarar intenções.
Destaca-se ainda a amoralidade deste tipo de indivíduo: não por simples ignorância, mas por rejeição deliberada das normas morais.
Despreza qualquer padrão ético que não lhe seja útil, demonstrando absoluta falta de empatia, incontrolável narcisismo, incapacidade de atribuir valor ao outro e uma ignorância crônica em relação ao altruísmo.
São, em geral, pessoas medíocres, profundamente incompetentes e carregadas de complexos.
No fundo, o hipócrita não passa de um bufão — um farsante que representa para esconder sua verdadeira identidade, sua pobreza existencial, sua vida arrastada e infecunda.
*Henrique Matthiesen é formado em Direito, pós graduado em Sociologia.
