*Por Joana Castro
A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira foi construída na década de 1960, com 533 metros de extensão, ligando as cidades de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins, pela BR-226. Projetada pelo governo militar para agilizar o transporte terrestre de mercadorias, crescente na década de 1960, a ponte se tornou um dos materiais públicos federais mais utilizados das regiões Norte e Nordeste do país.
Infelizmente, sua importância não foi nivelada com a necessidade de reparos e obras estruturantes. Estamos falando em 64 anos de idade. Tempo em que a ponte recebeu apenas operações “tapa-buracos”. E mais nada.
Até cair, a ponte Juscelino Kubitschek também foi fundamental para a consolidação do Matopiba, uma das principais fronteiras agrícolas do Brasil, criado no ano de 2015, sendo responsável por cerca de 10% da produção nacional de grãos e fibras. A região é conhecida pelo seu potencial na produção de grãos como soja, milho e algodão, que contribuem para a balança comercial brasileira. O agronegócio é o principal motor de crescimento econômico da região. A produção agrícola é realizada em larga escala, em especial de monoculturas de soja e eucalipto.
Absurdos
Chamar a queda da ponte de “tragédia anunciada”, de “fatalidade” ou do que quer que seja como algumas autoridades vêm fazendo ante a opinião pública é só o começo dos absurdos e da hipocrisia.
Onde estavam essas autoridades – e as anteriores – durante os 64 anos em que a Ponte JK precisou de reparos, foi alvo de avisos da população e dos próprios usuários (motoristas e caminhoneiros) como as diversas reportagens sobre a tragédia vêm mostrando. Até agora, são três mortos e 14 desaparecidos.
Outra curiosidade é saber onde estão as mentes de professoras universitárias que nem merecem ter os nomes citados, que afirmaram em entrevista a um “site de notícias” que “a culpa da queda da ponte é do agronegócio”, tecendo teorias que vão desde “a dinâmica econômica estabelecida na região” até “danos ao meio ambiente à precarização da vida de populações tradicionais”.
Mas, o maior dos absurdos e o cúmulo da hipocrisia é ver as entrevistas de ministros e parlamentares federais e estaduais de todos os estados que eram beneficiados pela ponte JK, falando em “prioridade” “recursos”, “urgência” e “atitude”. Eles resumem, na cara de pau, tudo o que não foi feito nem por eles nem por seus pares durante os 64 de existência da Ponte JK.
Agora nem recursos, nem urgência, nem atitude, muito menos prioridade, vão trazer de volta as vidas perdidas – nem as que vão se perder: são 22 mil litros de ácido sulfúrico e 14 toneladas de defensivos agrícolas sendo, lentamente, injetados no ecossistema do Rio Tocantins, provocando um desastre ambiental que pode durar décadas para ser remediado – muito menos minimizar os prejuízos de todos os atingidos pela queda da ponte.
Nada do que foi, ou pode ser falado ainda, vai ter o poder de erguer uma nova ponte com a rapidez necessária. Serão anos de “desvios”, gambiarras, transtornos e mais e mais hipocrisia.
Esse é um Brasil que não vai pra frente!
“E, pois é. É isso aí” (SWR)