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InícioEditorialAs duas vagas para o Senado e o “caso Gaguim x Guimarães”

As duas vagas para o Senado e o “caso Gaguim x Guimarães”

Está na Constituição Brasileira: para se tornar senador o cidadão precisa ter nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, domicílio eleitoral no estado que vai representar e filiação partidária. O único requisito que pode impedir uma pessoa que atenda a todos os outros acima citados de se candidatar à Casa Alta é a idade mínima exigida, de 35 anos.

Mas, como não poderia deixar de ser na política tocantinense com suas peculiaridades curiosas, o deputado federal Carlos Gaguim (União Brasil) resolveu acrescentar mais um requisito – por conta própria – que poderia ser definido como “tempo de política”.

Serão duas vagas para o Senado em disputa em 2026. Em término de mandato estão Irajá Abreu e Eduardo Gomes. Os pré-candidatos já conhecidos são, obviamente, os dois senadores que, naturalmente, concorrerão à reeleição, os deputados federais Carlos Gaguim e Alexandre Guimarães, o também deputado federal Vicentinho Jr., e o empresário e técnico de futebol Wanderley Luxemburgo, que ganhou força política com a eleição de Eduardo Siqueira Campos à Prefeitura de Palmas.

“A vaga é minha, ninguém tasca, eu vi primeiro”

Mas, uma disputa interna no grupo político palaciano deu o pontapé inicial na disputa, e de uma forma um tanto deselegante.

Gaguim sentiu-se incomodado com a disposição do também deputado federal Alexandre Guimarães (MDB) em se lançar pré-candidato ao Senado em 2026. Como os dois fazem parte do mesmo grupo político, Gaguim, por ocasião do encontro de prefeitos em Brasília, deu entrevista afirmando – sem dizer nomes – que “é candidato ao Senado há 12 anos” e que nesse ínterim, abriu mão da candidatura para outras pessoas “por ser um político de grupo” (e por isso diz que quer o segundo voto dos eleitores, pois o primeiro voto, inclusive o dele, é pela reeleição de Eduardo Gomes).

E disse mais. Segundo Gaguim, para ser candidato ao Senado é preciso “ter base, ter ligação com prefeitos. Gostar de prefeitos. A pessoa não pode chegar ontem, sem ter base nenhuma e falar que é candidato”.

A mensagem foi uma direta para Alexandre Guimarães, presidente do MDB tocantinense que, imediatamente, também pelas redes sociais, se pronunciou a respeito, falando que não esperava “ataques” dessa monta, que tem apreço a Gaguim, mas que uma candidatura ao Senado não pode ser definida por “usucapião” (termo jurídico que define uma das formas originárias de aquisição da propriedade de bens móveis e imóveis e nada mais é do que ter direito ao bem pela posse prolongada).

O “caso” Gaguim x Alexandre Guimarães tem outros desdobramentos, também pelas redes sociais, mas não vamos entrar nessa guerra de versões.

Fato é que o mesmo direito que Carlos Gaguim tem de ser candidato ao Senado, Alexandre Guimarães também o tem. Os dois reúnem todos os requisitos exigidos pela legislação eleitoral e um bate-boca via redes sociais só atrapalha, não rende votos e gera desconfiança no eleitorado.

Se Gaguim se considera um político com “mais tempo de casa”, deveria vir dele o exemplo democrático, de disputar, no voto, como manda o figurino, a vaga no Senado, dentro e fora do seu grupo político. Mandar indiretas “diretas”, por depoimentos, entrevistas e outros meios, não cai bem a ninguém nos tempos atuais.

Na Roma antiga, as pessoas que concorriam a cargos públicos eletivos saíam às ruas vestidos com túnicas brancas, pois o branco já era ligado à pureza. Para eles, existiam dois tipos de “branco”. O branco “alvus” e o branco mais brilhante, chamado de “candidus”. Os que buscavam votos, se vestiam de branco candidus e, por isso, eram chamados de “candidatos”. Vem daí a palavra “candidato”.

Resta, então, saber, quem vai usar o branco mais brilhante nessa disputa…

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