Palestra foi proferida pelo professor da UERJ, Carlos Alberto, nessa quarta-feira, 28, no auditório do TJTO
Publicado em: 29/08/2024 11:58:00
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Foto: Hodirley Canguçu/Esmat
“A pessoa em conflito com a lei e a luta antimanicomial na perspectiva da PNAISP- Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional” foi o tema da palestra do professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, durante a Formação Inicial de Profissionais para a Implantação da Política Antimanicomial no Sistema de Justiça do Estado do Tocantins, na tarde desta quarta-feira (28/8), no auditório do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO).
Durante a palestra,
o professor falou sobre o direito constitucional à política de saúde de todos
os privados de liberdade, lembrando que não se pode falar em luta
antimanicomial como uma solução para a questão do sofrimento de saúde mental,
que está dentro de uma política de saúde pública. "Eu não estou aqui para discutir como é que se faz a aplicação da
lei antimanicomial”, disse, complementando que é preciso saber do que trata
a questão da política de saúde prisional.
Ao falar sobre a
denominação saúde prisional, Carlos Alberto fez uma crítica. “Nós temos que mudar isso. Eu só vou usar a
saúde prisional porque está na política porque, se não, eu diria saúde aos
privados de liberdade. A saúde é das pessoas e não do lugar onde as pessoas
estão sendo atendidas, porque quando você diz saúde prisional é porque existe
uma saúde da prisão e uma saúde de fora da prisão e não existe, o que existe é
a saúde do SUS. São todas as políticas que estão dentro do SUS e não aquelas
que o diretor do presídio acha que podem ser implantadas”.
De acordo com ele, a
sentença do juiz não diz que o privado de liberdade está proibido de exercer
nenhum dos direitos que ele tem como cidadão brasileiro. "A única coisa que ele deixou de ter naquela sentença é a liberdade.
Ele não está impedido de estudar, de ter o direito à saúde integral”, disse
o professor, explicando que esses conceitos foram criados a partir dos
preconceitos. “E esses preconceitos só
vão aumentando quando chegam na questão do tratamento de pessoas que têm sofrimento.
E no presídio, numa unidade prisional, não são apenas aquelas pessoas que
estão com medida de segurança”.
Sobre o tratamento
da saúde mental seguindo a Resolução 487 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
o professor disse que não é simples. “Cada
município, região vai implantar a Resolução na realidade do seu território. É
um grande dilema porque tenho que incluir o território nesta
desinstitucionalização”.
Carlos Alberto
observou ainda que saúde mental não é só manicômio e que a Política
Antimanicomial é o caminho para resolver a internação, mas não resolve para as
pessoas privadas de liberdade e que precisam de atendimento mental.
O professor
enfatizou ainda que é preciso pensar não só na saúde dos privados de liberdade,
mas também dos familiares e dos trabalhadores do sistema prisional. “O sofrimento do aprisionamento mexe com a
gente. A gente volta pra casa com o que vê e isso também nos faz adoecer. Tem
que ter um olhar muito específico e ter cuidado com a saúde do trabalhador da
saúde prisional”.
A palestra contou
com a codocente, Helenilva Custódio de Melo, assistente social da Secretaria de
Estado da Saúde.
A PNAISP
O Ministério da
Saúde lançou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas
Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), instituída pela Portaria
Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014, com o objetivo de ampliar as
ações de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) para a população privada de
liberdade, fazendo com que cada serviço de saúde prisional passasse a ser
visualizada como ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde.