Temer defende semipresidencialismo e diz que Brasil cansou de impeachment

  • 03/Feb/2023 19h52
    Atualizado em: 03/Feb/2023 às 20h01).

Para ele, esta é uma proposta para ser debatida com a sociedade e que, se aprovada, poderia entrar em vigor a partir de 2030, respeitando o direito à reeleição em 2026.

O ex-presidente Michel Temer, que assumiu o governo depois do impeachment de Dilma Rousseff (PT), afirmou que o Brasil não aguenta mais processos que levem à interrupção de administrações legitimamente eleitas. Segundo ele, o caminho para evitar que situações como essa se repitam é a adoção do regime semipresidencialista, semelhante ao que vigora em Portugal. Na opinião dele, não se está pregando golpe em relação a um regime vigente, mas uma proposta para ser debatida com a sociedade e que, se aprovada, poderia entrar em vigor a partir de 2030, respeitando o direito à reeleição em 2026.

“Temos que resolver esse problema grave no Brasil. O presidente Lula tomou posse e já tem pedido de impeachment contra ele. Virou moda”, afirmou Temer.
Temer explicou que, em vez de impedir um presidente de continuar seu mandato, no regime semipresidencialista, o Parlamento é dissolvido e uma nova eleição é realizada, resultando na troca de governo. “Tudo sem trauma, pois ameniza as questões políticas que o presidencialismo encerra. Nós temos 35 anos de Constituição e dois impedimentos, além de inúmeros pedidos. Desde o período de Itamar Franco, houve 495 pedidos de impeachment. Temos de acabar com isso”, frisou.

Durante participação no Lide Brazil Conference, em Lisboa, tendo como pano de fundo a tensão dos últimos dias no Brasil, Temer pregou a pacificação política, “deixando os espinhos para trás, numa revolução com rosas ou dos lírios”. Sem citar Lula, que, em declarações recentes, o chamou de “golpista”, mencionou que o país precisa buscar, de fato, a harmonia. “Aqui, em Portugal, tivemos a revolução dos cravos. Quem sabe fazemos a das rosas, ou dos lírios”, defendeu, puxando aplausos da plateia formada por empresários e políticos. “Estamos cansados de distribuir espinhos. Por isso, é importante a pregação pela paz”, reforçou.

Voltando ao semipresidencialismo, visto como um “amálgama” para resolver os problemas da política, Temer foi enfático: “Você faz um esforço para montar uma base e quando manda um projeto para o Parlamento, metade vota a favor, metade contra. Gera instabilidade. No semipresidencialismo, tem um partido de situação, outro de oposição. Melhora, aprimora o sistema político”, afirmou.

O ex-presidente tem defendido a pacificação e a cooperação entre os partidos desde que deixou o poder. Aos amigos, tem comentado que Lula erra ao ficar olhando para o retrovisor. Publicamente, é mais comedido, sem deixar de ser incisivo: “O país precisa esquecer seguir em frente”, defendeu.